E a gente tem ainda tanto sol nessas manhãs que nascem de promessa e de evolução.
A gente tem tanto sangue pra correr que deixa corada a nossa cara de tanto riso e tanta lágrima.
Até lágrima a gente tem pra lavar essa sujeira no mundo que sempre joga uns ciscos nos olhos.
A gente tem tanta vida, tanta melodia, tanto movimento.
A gente tem os melhores dias, as melhores noites e as madrugadas mais felizes e melancólicas indo de volta pra casa...
terça-feira, dezembro 18, 2007
quinta-feira, dezembro 13, 2007
passos
Há tantos descompassos, tantos precipícios...
Passos em falso, rumo a abismos
Passos errados, lances de dados
Por acaso...
Tanto futuro correndo assustado
Com medo de quem se aproxima como se fosse atacar
Caminhos perdidos, rastros apagados
Densas florestas, árvores infrutíferas
Tanto movimento vacilado
Sem a certerza ou segurança da posição a tomar
Tanta nota sem ritmo
Tanta coreografia
Que as vezes não sei se sei dançar.
Passos em falso, rumo a abismos
Passos errados, lances de dados
Por acaso...
Tanto futuro correndo assustado
Com medo de quem se aproxima como se fosse atacar
Caminhos perdidos, rastros apagados
Densas florestas, árvores infrutíferas
Tanto movimento vacilado
Sem a certerza ou segurança da posição a tomar
Tanta nota sem ritmo
Tanta coreografia
Que as vezes não sei se sei dançar.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
caminhada
Tivemos a vontade quando nos faltou voz para criar realidades que imanassem da vida diária, do trabalho sofrido, do pé no chão e do calo na mão.
Tivemos sonhos sonhados de olhos abertos, sem ar no pulmão esperando o milagre acontecer.
Tivemos a clareza que dói no olho, o medo do escuro e as orações que nos livram do mal.
Tivemos pés nas nuvens, cabeças no infinito e ronco no estômago com fome de engolir o mundo.
Tivemos o plano e o passo, o pensamento e a vida, a consciência e a atividade.
Fomos felizes porque fomos até onde poderíamos nos encontrar em rostos de outros, com olhos de crianças desamparadas e um sentimento que nos une, nos dá consciência de todo.
Fomos até onde não mais existiam sonhos.
Tivemos sonhos sonhados de olhos abertos, sem ar no pulmão esperando o milagre acontecer.
Tivemos a clareza que dói no olho, o medo do escuro e as orações que nos livram do mal.
Tivemos pés nas nuvens, cabeças no infinito e ronco no estômago com fome de engolir o mundo.
Tivemos o plano e o passo, o pensamento e a vida, a consciência e a atividade.
Fomos felizes porque fomos até onde poderíamos nos encontrar em rostos de outros, com olhos de crianças desamparadas e um sentimento que nos une, nos dá consciência de todo.
Fomos até onde não mais existiam sonhos.
cheiro
Eu tenho o cheiro forte das coisas que vejo. Da carne que apodrece e das feridas que nunca cicatrizam.
Estou impregnado do cheiro de uma guerra sangrenta em que o sangue não demora em virar pus.
Tenho o cheio de abate, de bicho que se mata (e morre) pra servir à fome.
Tenho cheiro de vida, em suspiros antes e depois da morte.
Estou impregnado do cheiro de uma guerra sangrenta em que o sangue não demora em virar pus.
Tenho o cheio de abate, de bicho que se mata (e morre) pra servir à fome.
Tenho cheiro de vida, em suspiros antes e depois da morte.
domingo, outubro 28, 2007
palco
Já me refleti em mil olhos. Já ouvi meu nome em bocas tais que mal sabiam o que diziam. Estive em pensamento, em sonhos, em desejo.
Já quis que calassem a boca para que eu parasse de deslizar lábios a fora. Mentiram meu nome, minha aparência e minha identidade.
Os atos em que mais me expressei foram os movimentos dos outros. No toque, no olho, na voz.
Minhas vozes olharam, sorriram, dançaram. Platéia, palco e crítica unidos em muitos corpos, olhos e pensamentos.
A direção, ao contrário, difusa em roteiros mil.
Já quis que calassem a boca para que eu parasse de deslizar lábios a fora. Mentiram meu nome, minha aparência e minha identidade.
Os atos em que mais me expressei foram os movimentos dos outros. No toque, no olho, na voz.
Minhas vozes olharam, sorriram, dançaram. Platéia, palco e crítica unidos em muitos corpos, olhos e pensamentos.
A direção, ao contrário, difusa em roteiros mil.
quarta-feira, outubro 17, 2007
morte
a gente pensa tanta coisa. e tem medo da morte. talvez não você, talvez até não eu, que nos julgamos imortais. e ninguém pode dizer que não se julga assim.
pensamos a morte como algo no horizonte. sabemos ali, vemos ali, achamos até que não está tão longe assim, mas a cada passo mantemos a mesma distância.
e o pior, medo de não viver. não apenas como se deixa de viver quando se morre. O medo de viver com a morte, como personagem concreta que te espera na próxima esquina e que no próximo capítulo entra em cena pra marcar o fim.
tenho medo da morte. tenho medo de me achar imortal. tenho medo, mais ainda, de pensar que não tenho medo da morte. a morte dói.
pensamos a morte como algo no horizonte. sabemos ali, vemos ali, achamos até que não está tão longe assim, mas a cada passo mantemos a mesma distância.
e o pior, medo de não viver. não apenas como se deixa de viver quando se morre. O medo de viver com a morte, como personagem concreta que te espera na próxima esquina e que no próximo capítulo entra em cena pra marcar o fim.
tenho medo da morte. tenho medo de me achar imortal. tenho medo, mais ainda, de pensar que não tenho medo da morte. a morte dói.
segunda-feira, outubro 15, 2007
resquícios
ontem vi pessoas que há muito já se foram. vi pessoas que nunca chegaram. vultos de passado, resquícios de memória. como um eco que se propaga por anos e anos. como o brilho de uma estrela que, mesmo depois da explosão, permanece inalterado por muito tempo.
quem sabe eu realmente não estava a milhões de anos-luz?
quem sabe eu realmente não estava a milhões de anos-luz?
quinta-feira, outubro 11, 2007
cálculo
no final das contas, faltaram dedos pra calcular.
faltou lágrima e sentimento. faltou saldo e balanço. faltaram palavras exatas como números.
o divisor foi o máximo, o que tinha em comum, o mínimo. expressões com parênteses, irracionais e complexas.
o resultado, dízima periódica que nunca chegava ao fim...
faltou lágrima e sentimento. faltou saldo e balanço. faltaram palavras exatas como números.
o divisor foi o máximo, o que tinha em comum, o mínimo. expressões com parênteses, irracionais e complexas.
o resultado, dízima periódica que nunca chegava ao fim...
sábado, setembro 29, 2007
luto
Eu não sei o que é o luto, eu não elaboro as minhas perdas.
Eu vou perdendo...
Deixando lá resto de tudo, deixando lá a cinza meio acesa. Eu não limpo os escombros do que cai, eu deixo lá entulhado.
Talvez eu espere que a cinza comece uma fogueira, nas condições adequadas. Que um castelo de pedras surja, dos escombros arrumados por acaso.
Só que às vezes, fico sem teto e sem calor. E não tem escombros que subam até lá nem fagulhas mil que me aqueçam.
Eu vou perdendo...
Deixando lá resto de tudo, deixando lá a cinza meio acesa. Eu não limpo os escombros do que cai, eu deixo lá entulhado.
Talvez eu espere que a cinza comece uma fogueira, nas condições adequadas. Que um castelo de pedras surja, dos escombros arrumados por acaso.
Só que às vezes, fico sem teto e sem calor. E não tem escombros que subam até lá nem fagulhas mil que me aqueçam.
terça-feira, setembro 25, 2007
eu não sei... (ou texto para não entender)
eu não entendi o que me perguntaram, então como eu posso responder?
tô sabendo tanta coisa que nunca precisei saber e sempre me pergunto se vale a pena. tô (des)entendendo tanta gente que fico feliz em sentir que tenho encontrado só boas pessoas na minha vida. fico me perguntando por que não quero enxergar as más.
tenho suportado defeitos e gostado da imperfeição. a maior qualidade ainda continua e isso continuo duvidando. é difícil de encontrar.
eu não entendi se entenderam, concordaram ou ignoraram. eu não entendi se tinha alguém ali.
as pessoas têm ficado mais bonitas e mais etéreas. bonitas em suas feiúras e etéreas quanto mais humanas e concretas. tenho visto fumaças, miragens e sombras na parede.
cada pessoa é uma estrela, já dizia aleister e já cantou raul... e eu fico triste em pensar nas pessoas que não conheço. tanta coisa boa, tanto encontro, tanta dúvida, tanta surpresa...
eu não sei se eu tava lá, eu não captei o sinal, eu não li as entrelinhas e eu não analisei o discurso.
eu não quero mais todas as respostas, eu não quero mais certezas ou dúvidas, eu quero ir de uma pra outra, ao mesmo tempo. ser e não ser, lá da dialética.
eu queria que todos compreendessem a minha voz, nem precisa ser o conteúdo mas o timbre e a intensidade.
mas eu não sei se falei. e eu acho até que tô feliz
tô sabendo tanta coisa que nunca precisei saber e sempre me pergunto se vale a pena. tô (des)entendendo tanta gente que fico feliz em sentir que tenho encontrado só boas pessoas na minha vida. fico me perguntando por que não quero enxergar as más.
tenho suportado defeitos e gostado da imperfeição. a maior qualidade ainda continua e isso continuo duvidando. é difícil de encontrar.
eu não entendi se entenderam, concordaram ou ignoraram. eu não entendi se tinha alguém ali.
as pessoas têm ficado mais bonitas e mais etéreas. bonitas em suas feiúras e etéreas quanto mais humanas e concretas. tenho visto fumaças, miragens e sombras na parede.
cada pessoa é uma estrela, já dizia aleister e já cantou raul... e eu fico triste em pensar nas pessoas que não conheço. tanta coisa boa, tanto encontro, tanta dúvida, tanta surpresa...
eu não sei se eu tava lá, eu não captei o sinal, eu não li as entrelinhas e eu não analisei o discurso.
eu não quero mais todas as respostas, eu não quero mais certezas ou dúvidas, eu quero ir de uma pra outra, ao mesmo tempo. ser e não ser, lá da dialética.
eu queria que todos compreendessem a minha voz, nem precisa ser o conteúdo mas o timbre e a intensidade.
mas eu não sei se falei. e eu acho até que tô feliz
domingo, setembro 16, 2007
de uma conversa
"Hoje me senti sozinho também. É difícil a solidão sair da nossa companhia. Por que é tão difícil ficar sem seu maior porto seguro, sem o seu melhor apoio. O melhor abraço que você pode receber tá tão longe.
E me sinto só por mais que a gente se fale sempre. Mesmo que a gente se falasse todo dia não ter você do meu lado, vivendo comigo, me deixa só em qualquer condição."
E me sinto só por mais que a gente se fale sempre. Mesmo que a gente se falasse todo dia não ter você do meu lado, vivendo comigo, me deixa só em qualquer condição."
questão de etiqueta
Antigamente, nem lembro se já era vivo nesse época ou se já estive nesse lugar, falar dos sentimentos era bom. Hoje em dia você precisa ter cota. Pra falar que gosta de alguém, só estando apaixonado. Pra demonstrar entrega, carinho, atenção, precisa muita confiança, segurança, Saber que não vai assustar, saber que não vai se tornar frágil...
Existe uma etiqueta a seguir. Não ir precipitadamente. Pensar antes de falar. Se gosta, gosta calado, não grita porque gostar é perder, é se expôr, é ser humano.
Mas o bom do sentir não é entregar? Definitivamente, não gosto dos bons modos. Muito menos desses.
Existe uma etiqueta a seguir. Não ir precipitadamente. Pensar antes de falar. Se gosta, gosta calado, não grita porque gostar é perder, é se expôr, é ser humano.
Mas o bom do sentir não é entregar? Definitivamente, não gosto dos bons modos. Muito menos desses.
domingo, setembro 09, 2007
abrir mão
eu sou uma pessoa que abre mão da coisas
abro mão do amor, se não tem sinceridade
abro mão da amizade, se não tem respeito
abro mão da felicidade, se não tem mudança
abro mão do sexo, se não tem camisinha
abro mão do que quero, se não me faz bem
abro mão de mim mesmo, quando não sei onde estou
sou um perdedor?
abro mão do amor, se não tem sinceridade
abro mão da amizade, se não tem respeito
abro mão da felicidade, se não tem mudança
abro mão do sexo, se não tem camisinha
abro mão do que quero, se não me faz bem
abro mão de mim mesmo, quando não sei onde estou
sou um perdedor?
quinta-feira, setembro 06, 2007
suposições
você nunca vai saber como algo seria. só é possível saber do que existe. hipóteses são furadas, a vida é tão complexa que é impossível conjecturar sobre o que não aconteceu ainda.
tem coisas totalmente inesperadas, inimagináveis. por isso é bom arriscar mudar, por isso é bom fazer um novo trajeto, tentar a diferença.
a resposta que o mundo nos dá põe toda a suposição por água abaixo.
mudei, tentei fazer diferente, um novo lado de mim mesmo. e as consequências são tudo que eu nunca esperei... já disse, não mais sonho, desejo! ardo nele.
tem coisas totalmente inesperadas, inimagináveis. por isso é bom arriscar mudar, por isso é bom fazer um novo trajeto, tentar a diferença.
a resposta que o mundo nos dá põe toda a suposição por água abaixo.
mudei, tentei fazer diferente, um novo lado de mim mesmo. e as consequências são tudo que eu nunca esperei... já disse, não mais sonho, desejo! ardo nele.
quinta-feira, agosto 30, 2007
prece
Teve um tempo em que eu rezava todas as noites. De lá pra cá meus Deuses mudaram e nem tenho mais certeza se sobrou algum. A prece nunca pediu perdão e hoje carrego meus pecados como se fossem adornos em meu pescoço. O desejo de proteção ainda tenta escapar em oração, agora que me sinto tão inseguro. E o agradecimento não é mais rezado, mas, calado ou gritado, vivido a cada segundo... Agradeço vivendo! E viva à vida...
segunda-feira, agosto 27, 2007
moments combusting
Já fui. Já estive longe, em outra cidade, em outros tempos. Já fui criança, mas faz tanto tempo... Já fui de bicicleta e cai na poça de água suja. Já fui pra outro estado, já fui de ônibus, de metrô, de avião e de drogas ilícitas. Já fui virgem, já fui tímido, já fui pra onde não queria ir e me surpreendi. Já fui no banco da frente, pro caso de vomitar. Já fui no porta-malas, pra pagar menos. Já fui poeta, já fui gênio, já fui sonho dos outros e os meus. Já fui sonho, hoje sou desejo.
Já fui à imaginação. Levei os amigos que só eu sabia que tinha enquanto fingia os imaginários pros outros acharem bonitinho. Já fui bonito, já fui feio. Já fui fechado, já fui desconfiado, já fui o outro lado. Já fui Édipo, já fui outro, já fui imagem no espelho.
Hoje já nem quero ser. Já fui muita coisa que já deixei de ser. Já fui novidade, primeira vez... Já fui o Plano A que era pra ter sido posto em ação amanhã...
Pela prática, entendi o devir. Entendi minha construção. E a cada dia, dia sim ou dia não, no dia que for pra ser, todo dia, ou nenhum dia, devir cada pessoa que cruzou a minha vida.
Já fui à imaginação. Levei os amigos que só eu sabia que tinha enquanto fingia os imaginários pros outros acharem bonitinho. Já fui bonito, já fui feio. Já fui fechado, já fui desconfiado, já fui o outro lado. Já fui Édipo, já fui outro, já fui imagem no espelho.
Hoje já nem quero ser. Já fui muita coisa que já deixei de ser. Já fui novidade, primeira vez... Já fui o Plano A que era pra ter sido posto em ação amanhã...
Pela prática, entendi o devir. Entendi minha construção. E a cada dia, dia sim ou dia não, no dia que for pra ser, todo dia, ou nenhum dia, devir cada pessoa que cruzou a minha vida.
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