sábado, maio 09, 2009

identidade.

Minha identidade vence no final do ano. Agora vou ter que ser outro, não ser mais eu: ou crio uma nova ou fico sem. Logo eu, que nunca fiz muita questão de mudar. Pelo contrário, tive o maior cuidado. Sempre fui aos mesmos lugares, fiz as mesmas coisas e até as roupas fiz questão que fossem poucas para que entre uma muda e outra não deixassem de me reconhecer.
Mas agora o prazo para ser eu está vencendo. Olhando bem, minha identidade está mesmo meio velhinha, um tanto desgastada. Pelo tempo, pelo uso, sempre tendo que mostrá-la por ai. Mas foram bons anos, sempre esteve comigo mesmo que bem guardada.
E quem me conheceu por ela? Como vão saber quem sou? E também como irá sabê-lo quem não me conhece? Irão desconhecer esses tantos anos, achar que já nasci outro? Esse meu euzinho vai ficar esquecido pra sempre? Talvez eu pudesse aproveitar e tirar o "Eustáquio" do nome. Mas isso acho que não pode. Nome é outra coisa, nome é coisa séria. Tem que ir em cartório, pedir pro juiz e, só se ele autorizar, deixar de ser Eustáquio.
Nessa nova identidade, devo mudar a assinatura? Mudar minha casa, meu trabalho, minha voz? E minha mulher, até ela vou que ter mudar? Sorte que a certidão de casamento não tem prazo de validade. Ou será que tem? Não é bom ser pego de surpresa nessas coisas, preciso conferir com cuidado...

segunda-feira, abril 20, 2009

Dia desses chorei. Chorei no ombro de uma amiga, no lugar mais inapropriado possível, do jeito que você se sente incrivelmente ridículo depois. Tudo bem, me senti bastante ridículo mas não me arrependi. As vezes tem que ser ridículo mesmo, c'est la vie!
Mas não foi de tristeza, nem tanto de felicidade. Estava feliz, mas o motivo mesmo foi o alívio. Era algo que tava esperando a vida toda, uma possibilidade nova, um espaço pros sonhos se solidificarem. Tudo potência ainda, mas pelo menos um terreno fértil.

sábado, março 14, 2009

sobre pillow talk

- Mas minhas últimas experiências ou não tem pillow ou então eu tô bêbada demais pra talk.

(a autoria é mais dela que minha, e o estilo desse blog não é esse, mas porque achei muito boa e porque o estilo de uma outra me influencia, resolvi postar.)
E tudo começou assim:

- Já ouviu a expressão "pillow talk"?
- Não, o que é?
- É aqueles papos na cama, em geral pós-sexo, mas pode ser depois de acordar e só... enfim, a hora não importa... É aqueles papos, na cama, leves, com carinhos no meio, cafuné, colo...
- Ahh sei...

sobre o indizível

Acho que um dos maiores consensos é que estamos cercados do que não podemos conhecer. A res a que não temos acesso, a res que não existe, a linguagem simbólica (que tem justamente na característica de ser incognoscível sua definição) as formas tão grandiosas e rudimentares de energia que nosso aparelho psíquico é por demais simples pra compreender (isso me lembra o filme Dogma, em que quando Deus vai falar todos tampam os ouvidos). Da mesma forma, pra cada estímulo há um tanto que fica acima ou abaixo do que podemos perceber.

E, como a questão era de palavras que não se expressam, talvez sejam as que mais dizem. Um cara da Psicologia (e vários lingüistas) já diziam: o sentido de uma palavra nunca é compreensível em sua totalidade. Cada sentido nasce do confronto entre uma pessoa e todas as outras, entre uma história de vida com um "significado" especial e um significado partilhado. Sendo assim, o sentido é a soma de todas as idéias, sensações, sentimentos que a palavra provoca em cada sujeito.
Quando a gente fala "bola" pensa que tá sendo claro, que tá expressando da forma mais completa possível o que queremos referenciar. E pras palavras que nada dizem, as "coisas aqui dentro", os "isso que eu to sentindo", na verdade são muito mais completas, expressam que eu sou sempre maior que aquilo que me trazem. Seja uma palavra pros meus sentimentos, um significado para os meus sentidos ou uma pessoa para minha forma de ser.

p.s.

eu acho que to ficando burro e escrevendo mais errado a cada dia que passa. e pior que agora nem sei onde tá o erro. tadinhas das minhas professores de português da infância...

remédio

Como já diria André Chalom sobre o "escrevomitar", vez em quando, sinto aquela ânsia, aquele incômodo. Mas aí eu descubro que muitas vezes não preciso me debruçar e abrir bem a boca. Têm uns remedinhos, produzidos por dois alquimistas, os únicos que tomo quando me sinto assim, que dão conta do recado. São feitos para homeopatia, mas quase sempre tomo doses consideráveis.
E eu, perco a vontade, dá o alívio e posso ir dormir em paz. Ou pensar por horas e horas sobre os pensamentos materializados dos outros. Principalmente quando me falta capacidade para materializar os meus.
Por outro lado, o contrário é muito verdade. Quantas vezes começo a ler e é desse mar que emergem imperativos que precisam ser postos pra fora. Não sei se passaram da validade, mas desconfio que eu fui até lá tarde demais. E a ingestão de algo mais só facilita um vomitar que era imperativo...
De qualquer forma, deixo aqui uma nova justificativa pras minhas ausências nesse blog. Os remédios, preventivos, de Sueli e Sílvio. Tenho tomado doses periódicas de cada um.
E, se existem mais alguém aqui, quando eu não tiver, estarão em boas mãos.

segunda-feira, outubro 06, 2008

cuidar de si

Cuidar de si as vezes faz um bem danado. As vezes por que frequentemente vira algo rotineiro, que a gente nem dá atenção ou o devido cuidado. Carrie Bradshaw demais, mas é gostoso demais quando você se namora um bocado...