segunda-feira, julho 28, 2008

catábase

Estamos sempre parando em frente ao desconhecido. E seguindo.
É sempre entrar em águas que não sabemos até onde nos afundam. E se nos afogam.
E são esses infinitos desconhecidos que dinamizam a vida. Pela mesmice, a vida estagnaria. Mas é impossível a mesmice. São infinitas também as variáveis que se combinam e fazem surgir momentos sempre novos, irrepetíveis.
É sempre provar um gosto de si nunca antes saboreado. Sempre como fruta nova, banda desconhecida ou conhecer pessoas que se tornam especiais.
Sempre chegamos a um ponto em que não se sabe o que acontece a seguir, qual ação tomar e qual a reação inevitável. E aí dá-se conta que por mais que se pense, premedite, a vida sempre exige ser verbo, o imaginar e o temer dão lugar ao viver. Incessantemente.
São muitas as águas por onde se pode navegar. São muitos os poros sentidos a cada centímetro submerso, tocado pelas águas. São muitos os desejos de imergir inteiro, até o último fio de cabelo e deixar-se levar. Mas assim só se faz se quiser realmente ser levado para o fundo do mar...

2 comentários:

Snow disse...

O novo me retrai.
Eu não sei nadar... deve ter a ver.
Gosto de ver o mar e ficar na praia, perto das pedras... Nunca mergulhar de cabeça.
Mas aí eu ganho confiança e vou fechando os olhos... e mesmo meus pés no chão me dão medo.

Bj!

luís filipe pereira disse...

Gostei muito deste texto, desta catábase: o modo como a existência, de nós mesmos e de outrem, necessita dessa melodia descendente como no género musical grego, desse afundamento, dessa distância capaz de abrir os alcapões do subterrâneo que nos traça e traçamos "até ao último fio de cabelo"
luís filipe pereira
(www.lippepereira.blogspot.com)